A mudança de partido do vereador Paulo Pinheiro, do PTB para o PMDB, com a intenção de ser candidato ao Paço em 2012, agitou o cenário político de São Caetano, ontem. Governistas ficaram surpresos com a situação inesperada, mas aguardam pronunciamento oficial de Pinheiro, que ontem esteve em Brasília para falar com o vice-presidente da República, Michel Temer, principal articulador do PMDB nacional.
Funcionários do gabinete de Temer informaram apenas que a visita do vereador foi "de cortesia" ao número dois do Palácio do Planalto. Mas o encontro ocorreu para tratar de detalhes da candidatura. O presidente do PMDB de São Caetano, Ângelo Pavin, acompanhou o encontro.
Paulo Pinheiro não fala com a imprensa há dois dias. Desde o início da tarde de quarta-feira o Diário tenta sem sucesso contato com o parlamentar. Mesmo com o silêncio do vereador, o presidente estadual do PMDB, Baleia Rossi, confirmou o ingresso do ex-petebista no partido.
A expectativa é de que Pinheiro seja reverenciado como pré-candidato da legenda ao Palácio da Cerâmica nos próximos dias "em grande festa", segundo o mandatário paulista. Ainda na quarta-feira, de manhã, o vereador assinou a ficha de filiação, segundo Baleia Rossi, e se apresentou a peemedebistas em São Paulo.
REPERCUSSÃO
Integrantes do governo José Auricchio Júnior (PTB) e companheiros de Paulo Pinheiro no Legislativo se disseram surpresos com a mudança do vereador para o PMDB e argumentam que ainda não foi oficializada.
"Não há pedido de desfiliação. Eu o considero parceiro, do PTB", disse o parlamentar Paulo Bottura (PTB). "Não ouvi da boca dele qualquer declaração de que será candidato pelo PMDB. Sabemos pelo jornal que o presidente estadual garantiu. Mas temos de falar com ele. Essa movimentação pode ser por ansiedade, que todos nós vivenciamos. Temos de pensar no grupo, esse debate é extemporâneo", completou, ao ressaltar que Pinheiro é da executiva municipal do PTB, participou de encontro partidário semana passada, sua equipe se comprometeu a produzir boletim da legenda e na sessão de terça-feira não demonstrou qualquer insatisfação.
O secretário de Governo, Tite Campanella, observou que não houve falta de espaço para Paulo Pinheiro na administração. "Ele sempre pregou o consenso. Tem livre acesso ao Paço, voz ativa no partido, participação de destaque em eventos, com discursos em que, inclusive, elogiou por vezes o prefeito Auricchio. Causa estranheza. Se realmente isso ocorrer, é por motivo pessoal."
O primeiro-secretário do PTB estadual, Carlos Alberto Thadeo, reconheceu que a sigla perde uma grande liderança, mas disse que o jogo não acabou. "Lamentamos essa decisão, mas é mais uma peça do tabuleiro. O diálogo pode partir para assegura-lo como vice, por exemplo", sugeriu.
Auricchio e Pavin não foram encontrados para comentar o assunto.
Petista vê com bons olhos alteração no quadro eleitoral
Pré-candidato ao Palácio da Cerâmica pelo PT, o vereador Edgar Nóbrega classificou como excelente o ingresso de Paulo Pinheiro no PMDB para também disputar o Paço em 2012.
"É a terceira via que queríamos. O Brasil não suporta mais bipartidarismo. O único senão é que a mudança visa apenas uma candidatura, sem pensar em projeto para a cidade", analisou. "Mas torna o debate mais plural, faz parte do jogo democrático. E no fim é a sociedade que escolhe o melhor."
O petista conversava com o PMDB para acertar parceria para o ano que vem, mas agora ambos os partidos têm pretensão de encabeçar chapa. "Podemos ter uma relação ainda. Vamos dialogar. É o governo que saiu enfraquecido. Se eles não dizem isso, perderam o senso."
